A Cor da Magia

16-01-2012 11:28

 

    Eu vou botar

    Teu nome na macumba

    Vou procurar uma feiticeira

    Fazer uma quizomba

    Prá te derrubar

    Oi, Iaiá!

    Você me jogou um feitiço

    Quase que eu morri

    Só eu sei o que eu sofri

    Deus me perdoe

    Mas vou me vingar

    Eu vou botar teu nome na macumba - Zeca Pagodinho/Dudu Nobre



    Em um texto anterior (Palavras de Poder ou o Poder das Palavras?), falei sobre as intenções, e o dogmatismo que impede o livre pensamento. É fato que mesmo as escolas de pensamento mais “livres” também carregam a mácula da restrição das ideias e a obliteração do pensamento racional. Fazem isso principalmente pela negação do senso crítico quem impede que elas possam avaliar de forma mais coerente seus procedimentos e efeitos no universo prático.

 
    Vale a pena lembrarmos do princípio da causa e efeito citado no Caibalion: Toda a Causa tem seu Efeito, todo Efeito tem sua Causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; há muitos planos de causalidade, porém nada escapa à Lei. Muito se fala, principalmente na moderna Umbanda e Espiritismo, sobre a forma como a magia atinge seu “alvo” e sobre as relações cármicas da chamada magia “negra”. O que poucos comentam é sobre as mesmas relações que as intenções da dita magia “branca” causam ao livre arbítrio.


    Para entender esses mecanismos e relações precisamos entender primeiro as interações entre o bem e o mal e seu relativismo, é sempre interessante recorrer ao exemplo da Vespa Parasitóide para ilustra-lo. Por parasitas, devemos entender alguns animais que procuram obter, através de seres de outra espécie, benefícios que não são capazes de adquirir sozinhos (como muitas pessoas que nos são próximas em nosso meio). Essas vespas costumam procurar hospedeiros, pequenos animais, em muitos casos aranhas, que após uma investida são temporariamente paralisados pelo seu veneno. A seguir nosso atacante deposita seus ovos na vítima, há casos em que (dependendo do hospedeiro) ele poderá continuar sua vida normalmente, até que as larvas nasçam e comecem a se alimentar dele.


vespa parasitóide, magia, ocultismo, divagações, espiritualismo    Observe que instintivamente, para a vespa, a única função do animal hospedeiro é servir de alimento para suas larvas, ou seja, depositar seus ovos é uma coisa boa, ela assim garante a preservação de sua espécie. Já, olhando pelo outro ponto de vista, a vespa é um animal maligno, cruel e assassino. A grande questão é, quem está certo e quem está errado? Quem é o bonzinho e quem é o vilão? A história das guerras é sempre contada pelos vencedores, mas exatamente quem estava certo ou errado?


    A magia é uma ferramenta, assim como uma pedra, um martelo ou um computador são ferramentas. Um amigo, professor de design, costuma dizer sobre alunos que aparecem com a história de dificuldades operacionais porque não gostam de computadores: "Computadores são ferramentas, como chaves de fenda. Você gosta de uma chave de fenda? Não! Você não gosta ou desgosta, você apenas a usa, ninguém mantém um laço de amor ou ódio com uma ferramenta".


    Você pode construir uma casa com um martelo ou esmagar a cabeça de seu semelhante, o que muda, nesse ponto, é a intenção. A Magia é aYin Yang, Magia negra e magia branca, bem e mal, positivo e negativo, divagações, magia, ocultismo, espiritualismo ferramenta utilizada para focar e utilizar suas intenções, não existe magia branca, nem negra, existe apenas magia, e ela não tem cor, ou tem todas as cores ao mesmo tempo.


    Como um grande canivete suíço, a Magia tem suas sub-ferramentas para fazer com que seus efeitos, sejam eles construtivos ou destrutivos, se manifestem fisicamente. Diferente escolas usam diferentes nomes: orações, procissões, mantras, visualizações, oferendas, pensamento positivo, são algumas lâminas conhecidas desse gigantesco leque de possibilidades. É claro que quem, como eu, gosta desse tipo de utensílio, sabe que para cada situação existe uma lâmina ou função específica. Muitas vezes você pode ter um canivete de única função e se virar muito bem com ele, ser praticamente um especialista nesta. Contudo, você sabe que existem outros modelos maiores e, muitas vezes, um problema resolvido com dificuldade por uma lâmina simples, poderia ser resolvido com uma serra de um modelo superior com muito mais facilidade. Em contrapartida, muitas funções podem atrapalhar algumas pessoas, e quando as situações ocorrem, elas podem ficar perdidas sem saber qual utilizar. A ideia é que você entenda a ferramenta e suas ramificações, a ponto de saber quais são mais importantes (no momento específico) e requerem um estudo mais aprofundado.


pacto, magia negra, baphomet, goécia, divagações, ocultismo, magia, espiritualismo    Voltando ao ponto das intenções, algumas pessoas criam uma grande confusão usando os termos bem e mal quando deveriam estar falando de egoísmo e altruísmo. É a mesma confusão que impera quanto ao chamado caminho da mão esquerda. A esquerda de forma alguma quer dizer o caminho do “mal”, ela quer dizer sim um caminho egoísta, é o querer para si e não para o próximo. O que acontece é que em muitos casos o praticante acaba se afundando tanto em seu próprio ego que acaba por usar suas ferramentas de forma a ferir o livre arbítrio do próximo.

    A maior de todas as verdades é que para continuarmos nossas buscas, devemos atingir um equilíbrio entre os dois lados. Qualquer instituição que se gabe de praticar somente o lado direito, está envolta em grande ilusão. A primeira caridade que se pratica é consigo mesmo, você não pode ajudar ninguém se não consegue se ajudar. Se você pegar sua mão direita e doar dinheiro para uma instituição ou causa, antes tem que usar a mão esquerda e obter esse dinheiro de algum lugar. Uma das coisas que sempre digo em meus “acessos de consciência sindical” é que ninguém tem que fazer caridade para empresas (ou empresários). Você realizou um trabalho, dedicou horas em uma atividade em prol de seu sustento, deve ser pago por ele, ficou até mais tarde, deve ser compensado. Caridade se faz para quem necessita, o que não é o caso de grandes empresas e multinacionais que exploram seus funcionários.


    Todos precisamos de teto e comida na mesa. Se você não trabalhar para isso, alguém terá que fazer, é apenas uma transferência de responsabilidade, ser uma pessoa altruísta radical é tão ruim quanto o contrário. A mão esquerda tira, a direita doa, tudo é um fluxo continuo. Se você estica sua direita para dar algo é porque na outra ponta alguém está com a esquerda para receber. Não existe nada mais egoísta do que tentar ajudar alguém que não pediu, forçando-o a aceitar só para acalmar a si mesmo.


    Quanto a parte prática, e retornando ao assunto da causa e efeito, é possível citar alguns exemplos dessa dualidade. Imagine a seguinte situação, um assistido desempregado pede a solução de seu problema, o magistra (vou generalizar, deixar independente da linha praticada) realiza então o trabalho. Essa pessoa faz uma entrevista e consegue um emprego, é uma coisa boa, mas será que ao atingir o efeito ela não retirou o benefício que seria de outro? Mais um, a filha de um determinado assistido iniciou um relacionamento com um mal elemento (estou supondo que a pessoa em questão é comprovadamente um marginal), ela pede que o relacionamento seja quebrado e a ação então é feita. O resultado é positivo e o relacionamento é desfeito, mas não seria possível que existisse uma relação cármica entre os dois, e que talvez a menina em questão fosse a pessoa que o removeria do “mal caminho”? Voltando a questão da vespa, o que é o bem? O que é o mal?


    Se você acredita em carma (ou karma) em ambos os casos a pré-destinação pode ter sido ferida, com atuação direta sobre o livre arbítrio. Será que o mais certo não seria deixar as coisas seguirem seu curso natural? Ao mesmo tempo, deixar a vida correr não nos levaria a um processo de inatividade instintiva, onde aceitaríamos tudo sem força de vontade para mudarmos? Quem está certo ou quem está errado?

 

Oliver Logra

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A Cor da Magia:

A COR DA MAGIA

Data: 08-08-2012 | De: PENDRAGON

Quanto a parte prática, e retornando ao assunto da causa e efeito, é possível citar alguns exemplos dessa dualidade. Imagine a seguinte situação, um assistido desempregado pede a solução de seu problema, o magistra (vou generalizar, deixar independente da linha praticada) realiza então o trabalho. Essa pessoa faz uma entrevista e consegue um emprego, é uma coisa boa, mas será que ao atingir o efeito ela não retirou o benefício que seria de outro? Mais um, a filha de um determinado assistido iniciou um relacionamento com um mal elemento (estou supondo que a pessoa em questão é comprovadamente um marginal), ela pede que o relacionamento seja quebrado e a ação então é feita. O resultado é positivo e o relacionamento é desfeito, mas não seria possível que existisse uma relação cármica entre os dois, e que talvez a menina em questão fosse a pessoa que o removeria do “mal caminho”? Voltando a questão da vespa, o que é o bem? O que é o mal?

Se você acredita em carma (ou karma) em ambos os casos a pré-destinação pode ter sido ferida, com atuação direta sobre o livre arbítrio. Será que o mais certo não seria deixar as coisas seguirem seu curso natural? Ao mesmo tempo, deixar a vida correr não nos levaria a um processo de inatividade instintiva, onde aceitaríamos tudo sem força de vontade para mudarmos? Quem está certo ou quem está errado?

NAO ACEITO ESSE EXEMPLO, SE FOR ASSIM ACABOU A MAGIA E NAO HA MAIS NADA A FAZER.

Certo ou Errado?

Data: 16-01-2012 | De: Carol

Muito bom esse artigo!
Você falou sobre coisas que eu sempre pensei a respeito da magia: magia é magia, não tem cor. O que você fará com ela, definirá as consequências.

Eu sempre tive dúvidas sobre essa questão cármica, que foi o que me impediu de realizar muitas ações, até as que eu julgava que seriam benéficas. Sentia que aprendia a fazer, para não fazer. Então meu mestre me ensinou a negociar com o plano astral. "Se você não tem luz suficiente para ver até onde essa ação vai reverberar, não seja petulante e pergunte para quem sabe".

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