O Inconsciente Coletivo

17-07-2012 10:11

 

 

    Olá, pessoal.

    Meu nome é Lucas Félix e eu vou participar da coluna Guest Post, com alguns artigos do meu blog Cartografia Mental.

    Como transmite o título, o conteúdo da coluna expõe as descobertas que fiz durante minha tentativa de mapear o infinito universo que existe em minha cabeça e na cabeça de cada ser humano. Espero que o leitor possa acompanhar-me nessa aventura em busca do autoconhecimento e do conhecimento do universo que nos rodeia. Afinal, conhecer a si próprio é conhecer aos deuses e ao universo.

 

O Inconsciente Coletivo

 

Cartografia Mental, Jung, Inconsciente Coletivo, Arquétipos, Quatro elementos, deuses, ocultismo, magia, espiritualismo, eocultismo

 

    Iniciando o processo de Cartografia Mental, resolvi tratar neste texto de algumas áreas desconhecidas de minha psique (e da sua, leitor[a]), e também dos habitantes que vivem por lá. Esta postagem dá forma à coluna e delineia o conteúdo que trataremos daqui por diante. Então, desejo a você uma ótima leitura e uma excelente semana.

 


 

    Anos atrás eu li uma curta publicação intitulada Tábua de Esmeralda. O curto texto é uma das bases de uma doutrina que recebe o nome de Hermetismo. Logo no começo, fui brindado com a proclamação de que “o que está acima é como o que está abaixo, o que está abaixo é como o que está acima”, frase que resume, como vim a descobrir, o assim chamado “Princípio da Correspondência”.

 

    Segundo ele, o homem (“Microcosmo”) é uma imagem perfeita do universo (“Macrocosmo”), de modo que processos que ocorrem na vida humana representariam mecanismos maiores, universais, e vice-versa. Lembro de, ao ler isso, ter pensado numa citação atribuída a Pitágoras, que afirmava que aquele que conhecesse a si mesmo conheceria aos deuses e ao universo...

 

    Na época, eu estudava a obra do psiquiatra Carl Gustav Jung e logo comecei a aplicar os ensinamentos herméticos ao que ia aprendendo com seus escritos. Um elemento recorrente na psicanálise é Inconsciente, nome dado ao conteúdo mental em geral – incluindo pensamentos, memórias, desejos, sensações – que, durante nossa vida, foi esquecido ou reprimido. São partes de nós que, embora ignoradas, permanecem ali, abaixo da superfície, e influenciam nossa existência. É também no Inconsciente que encontramos processos automáticos e que, embora despercebidos, são indispensáveis à nossa existência: os sonhos, os instintos, os medos, o próprio processo criativo, etc. Ora, se o humano é um reflexo perfeito do universo, deveria haver no universo algo que correspondesse ao conceito de Inconsciente. Assim imaginei.

 

    Segundo Jung, é exatamente o que acontece. Segundo ele, os seres humanos compartilham entre si um repositório, uma memória racial, que recebe o nome de Inconsciente Coletivo. Aqui encontramos as experiências e vivências da própria raça humana, desde seus primórdios, na forma de símbolos com os quais ocasionalmente entramos em contato e que têm ampla influência em nossa existência. Para nomear esses símbolos, que permeiam nossa psique e nossa história, Jung empregou o termo Arquétipos (do grego, arkhetupon, que significa “primeiro molde” ou “primeiro modelo” de alguma coisa).

 

    A idéia cativou-me. Os Arquétipos representavam aspectos elementares do universo, elementos primordiais que, em forma de símbolos, moldam a vivência humana. Mais que isso: Já que eles representariam aspectos primordiais do universo, esses símbolos funcionariam como chaves para essas energias, para essas verdades universais e, assim, para a evolução espiritual daqueles capazes de acessá-los.

 

    Mas a idéia não era nova. Os arquétipos acompanham a humanidade desde seu surgimento e foram percebidos por nossos antepassados, que os representaram de muitas maneiras. Já foram conhecidos como deuses e deusas, anjos e demônios, heróis e heroínas... Enfim, encontram lugar, por detrás de diversas máscaras e roupagens, no mito. O estudo comparado das diversas culturas, sua religião e seus mitos, permitiu que eu percebesse que tudo representa trechos de uma mesma história, que foi narrada de modos diferentes, sob pontos de vistas diferentes, mas que permanece a mesma e continua a ser escrita, reescrita e narrada a cada dia, por cada ser vivente.

 

    Eu percebi que em cada cultura, a despeito de época e distância, é possível encontrar manifestações das mesmas energias. Temos o deus Hermes, entre os deuses da mitologia grega, o qual atuava como mensageiro entre os deuses e a humanidade, divindade da transmissão do conhecimento, do comércio, da magia... Vamos encontrá-lo também no deus Mercúrio, dos romanos, e depois no Toth, dos egípcios. No hinduísmo, teremos o deus-elefante Ganesha, das ciências, das letras, da sabedoria. Na mitologia asteca, Paynalton, mensageiro do deus Huitzilopochtli. Entre os orixás, encontramos Exú, orixá das comunicações e que intermédia o contato entre os orixás e a humanidade. Em todos os casos, temos divindades que, com histórias diferentes, com roupagens diferentes, transmitem a mesma idéia: intelecto, conhecimento, contato entre a humanidade o divino. Em suma: Todas essas divindades serviram como canal para que culturas diferentes expressassem uma mesma energia, um mesmo conceito universal... O mesmo arquétipo.

 

    Para cada conceito-chave da existência encontraremos uma correspondência mitológica: O amor, o aprendizado, a inteligência, a espiritualidade, o sofrimento... Tudo isso foi representado através de símbolos e metáforas, e cada um desses elementos corresponde a um aspecto universal. Analogamente, para cada um desses aspectos existem certas chaves que nos permitem acessá-lo. É nessa base que se fundamenta a religião: Através de símbolos visuais (imagens, amuletos cores...), sonoros (cânticos, orações...), olfativos (incensos, defumações...), dentre outros, além de toda uma conduta característica, nossa consciência entra em contato com energias correspondentes ao simbolismo específico. É esse o significado da ritualística e das liturgias.

    

    Eu vislumbrei possibilidades quase ilimitadas de aplicação desses conhecimentos. Um indivíduo que fosse capaz de, conscientemente, acessar e trabalhar com seu Inconsciente estaria obtendo conhecimento inestimável sobre si próprio (isso é feito através da psicanálise, aliás). Se, indo além, fosse capaz de trabalhar com o Inconsciente Coletivo, obteria conhecimento não menos valioso sobre o próprio universo... E se, além disso, conseguisse movimentar em sua vida as energias representadas pelos arquétipos... Esse indivíduo certamente se tornaria alguém completamente diferente.

 

    Bem, as religiões realmente buscam fazer isso, mas raramente com um método bem delineado e que pudesse ser aplicado e testado de maneira científica. Foi um método assim que decidi buscar, ao perceber o potencial dessas energias. Essa busca, e o que consegui com ela, vocês poderão conferir nos próximos textos. Mas antes disso falarei sobre um arquétipo muito especial.

 

 

- Lucas Félix

P.S.: A lisergia prossegue aqui

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