O que é um Orixá?

14-11-2011 07:15

 

     Parte da cultura umbandista, o culto dos orixás é uma das heranças recebidas do Candomblé e mais difundida pelos praticantes da Umbanda. Embora sejam muito conhecidos, existe uma má interpretação em relação a alguns aspectos e o objetivo desse texto é tentar tirar um ou outro véu desse assunto, além de fazer um breve estudo quanto a sua natureza.

 

        Etimologicamente, a palavra vem do Iorubá: Ori significa cabeça e Shá (ou sá) significa Luz. Logo o orixá é a cabeça de luz ou cabeça iluminada. EssaOrixás, Umbanda, Orixás e Kabbalah, Umbanda e Kabbalah, Umbanda, Orixá, Iorubá, Zambi, Kabbalah, Magia, Ocultismo, Espiritualismo imagem representa a iluminação desses seres em relação ao ser humano e é razoavelmente conhecida de todos, até porque os santos católicos são representados da mesma forma justamente por essa iluminação (mas nesse caso, essa iluminação vem da ativação do chakra Sahasrara)

 

        É relativamente fácil comparar os orixás com outras culturas politeístas. Em geral, existe um Deus maior, que representa a trindade de criação, manutenção e destruição (Keter – Hochma – Binah), um ser superior, elevado, representando o homem elevado a sua perfeição (Tipheret) e uma falange de deuses que regem as forças da natureza e os aspectos diários do homem.  Note que essa estrutura não é fixa: no hinduísmo, por exemplo, a tríade é representada por Vishnu, Krishna e Brama. No budismo, Buda não é uma pessoa, mas sim um estado/título daquele que despertou completamente. Sidarta é UM buda, não O buda.

 

        Dessa forma, temos na Umbanda a seguinte organização: O Deus superior é Olorum (também conhecido como Olodumaré ou Zambi, dependendo da nação africana). Não existe existe nenhuma representação humana de Olorum pois ele está acima disso tudo, ele É tudo. O ser superior é representado por Oxalá, representando o espírito crístico/búdico totalmente regenerado e despertado. Oxalá carrega consigo um cajado de três níveis, chamado Paxoró ou Apaxoró. Esse cajado representa os três níveis de existência e seu domínio sobre eles. Da mesma maneira que Odin, Oxalá tem um pássaro que o conta sobre tudo que viu no mundo. Odin tem dois corvos (Munin e Hugin), enquanto oxalá tem uma pomba branca, Exu.

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        Os outros orixás representam as aspectos da psique humana. Da mesma forma que Aries e Marte, Ogum representa a coragem, o impulso, mas também possui em si o lado bélico, da raiva e da ira. (todos sendo representados por Geburah). No candomblé, existem literalmente centenas de divindades cultuadas. Em outros cultos essa quantidade muito grande de deidades cultuadas se faz presente – Sendo o Hinduísmo um exemplo dos mais marcantes.

 

        Na Umbanda, o número de orixás cultuados cai vertiginosamente: são apenas 11. Esses 11 orixás representam as 10+1 sephiras da kabbalah e possuem características bem definidas. Os orixás são: Oxalá, Xangô, Oxóssi, Ogum, Exu, Iemanjá, Oxum, Yansã, Obaluaê, Nanã Buruquê e Ibeji. Existem alguns orixás que são cultuados em alguns grupos, mas não são oficialmente reconhecidos por todos, como é o caso de Ossain e Oxumaré.

 

        Um problema muito comum em relação aos orixás são seus nomes: A língua iorubá só teve uma forma escrita oficial a partir do século XIX. Dessa forma, todas as lendas tiveram que ser transmitidas de forma oral durante várias gerações para que pudessem enfim ser colocadas em papel. Isso gerou uma série de inconformidades nas escritas dos nomes de orixás. Se algum dos leitores fizer uma pesquisa, principalmente sobre o candomblé, poderá encontrar nomes escritos de formas diferentes das usadas no texto, mas não significa que um nome esteja mais correto do que o outro.

 

        Quando começamos a tentar comparar as divindades da umbanda a cultos monoteístas é que a coisa fica divertida. Se uma religião acredita em um Deus único, como classificar e entender a natureza dos orixás através da ótica daquele culto?

 

Quem é quem?

 

         Do judaísmo, temos o conceito de Nefilins (ou Nephilins), os “filhos de Deus”. Esses seres seriam anjos que vieram a terra para se reproduzir com as mulheres humanas, a fim de criar uma raça de gigantes (em gênesis 6:4, temos “ Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de אלהים  (Elohim) entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama ”). É importante notar duas questões: Essa relação entre deuses e humanos não é exatamente uma novidade – Hércules que o diga).

 

        Além disso, a palavra Nefilin representa algo pejorativo: sua tradução seria “Caído, derrubado”. Logo, embora seja razoável comparar os nefilins aos orixás, é importante ter a interpretação que essa queda represente a vinda desses seres a terra para reprodução. Esses anjos foram posteriormente enviados para o inferno (II pedro, 2:4 “Pois se Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os precipitou nos abismos tenebrosos do inferno onde os reserva para o julgamento”)

 

        Os sumérios tinham uma ideia parecida: Os Anunnaki (que significa “Aqueles do céu que caminham na terra”, “Os do céu que estão na Terra”  ou “aqueles de sangue real”) e os Igigi ("Aquele que vigia e vê"). Os Anunnakis são considerados Deuses maiores e os Igigis, Deuses menores, embora essa separação não seja totalmente explicita. Alguns estudiosos afirmam que os Anunnakis e os Nefelins são os mesmos seres.

 

        No budismo, temos os bodisatvas, seres dotados de sabedoria elevada que através de suas práticas, ajudam os outros seres a resolverem seus problemas. A corrente mahayana do budismo conta com um grande número de Bodisatvas, formando um grande panteão. Podemos citar, como exemplo, Manjusri (a consciência perspicaz do buda) e Avalokiteshvara (“aquele que contempla os clamores do mundo").

 

        Algo muito interessante em relação aos bodisatvas é que eles representam não só seres superiores, mas também forças mentais, referentes a pureza. Essa visão é muito interessante, pois todas as divindades e seres superiores representam sempre aspectos do ser humano, fazendo um paralelo do macrocosmo com o microcosmo pessoal. Porque além do que estar no alto, ser como o que está embaixo, o todo é mente e o universo é mental.

 

        No hinduísmo, temos os devs: as devis (manifestação feminina) e os devas (manifestação masculina). Os devs, também conhecidos como Suras,  representam as forças da natureza de forma que o culto aos devas é um culto a natureza. Essas deidades acabam se manifestando na forma de elementais, embora elas não tenham uma forma determinada.  É importante diferenciar pois no budismo existem seres chamados devas que representam seres não-humanos. Esses seres do budismo tem uma correlação mais direta com os espíritos que trabalham como guias espirituais, pois não são considerados divindades, mas apenas seres mais iluminados e mais evoluídos do que os espíritos encarnados.

 

        No islamismo, Allah criou o mundo com três criaturas sencientes: Os humanos, os anjos e os djins. A diferença entre anjos e Djins (ou gênios) é que os Anjos não possuíam livre arbítrio, sendo submetidos as ordens de Deus. A palavra Djin deriva da raiz árabe que significa “oculto” e a palavra gênio vem do latim que significa “espirito guardião”. No Alcorão, existem um surah inteiro dedicado aos gênios: O Surah al-djin – o 72º surah. A tradição islâmica diz que os djins foram criados a partir de um fogo sem fumaça – reafirmando seu caráter incorpóreo e espiritual - e, da mesma maneira que os humanos, podem ser bons, maus ou neutros ( no alcorão, temos em 72:11 “E, entre nós, há virtuosos e há também os que não o são, porque seguimos diferentes caminhos).

 

        Podemos ver muitos exemplos de divindades espalhadas por culturas diversas que possuem similaridades com os orixás, mas não conseguimos encontrar seres que sejam exatamente como os orixás que pensamos conhecer. A resposta para a verdadeira natureza dos orixás vem da sua origem e é mais surpreendente do que podemos imaginar.

 

Um Deus para a todos unir

 

Orixás, Umbanda, Orixás e Kabbalah, Umbanda e Kabbalah, Carybe, Umbanda, Orixá, Iorubá, Zambi, Kabbalah, Magia, Ocultismo, Espiritualismo        Os orixás possuem sua origem na cultura politeísta do candomblé, correto? Errado. Embora eles realmente sejam derivados do candomblé, existe uma diferença pequena e importante: O Candomblé é um culto monoteísta.

 

        Da mesma forma que a Umbanda, o Deus supremo é Olorum, mas os orixás não são considerados Deuses. Na verdade, a tradição oral afirma que realmente existiram Reis e Rainhas de diversas partes da África e que após a sua morte, esses homens e mulheres foram adorados. Essa adoração fez com que eles se tornassem egrégoras e, posteriormente, formas-Deus. Essas forças foram associadas desde muito cedo a elementos da natureza, de forma que a energia que foi enviada através dos cultos aos orixás acabaram se moldando na vibração daquelas energias naturais.

 

        O melhor paralelo que podemos encontrar é no catolicismo e os santos: Pessoas que através do processo de canonização acabaram se transformando em uma egrégora. Repare bem: não foi o espirito daquela pessoa que virou uma egrégora, mas sim o conjunto de pensamentos ligados a eles. Esse tipo de processo é citado em Deuteronômio 5:4-5 “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam”

 

        Quando dizemos que alguém é “filho de xangô”, por exemplo, significa que as vibrações daquela pessoa estão mais próximas a vibração natural que a égregora daquele orixá tem. As famosas “brigas pela cabeça” de algumas pessoas dizem respeito apenas a vibrações intermediárias, da mesma forma que nos signos zodiacais existem as figuras das cartas da corte, representando essa mistura de energias.

 

- Gênesis.

 

    Para próxima semana, sugiro uma pequena pesquisa sobre os arquétipos dos orixás da Umbanda.

    Será que você consegue descobrir de quem você é filho?

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O que é um Orixá?:

Ola

Data: 28-02-2012 | De: Andrea Baralle

Maravilhoso esse texto, estudo tarô e é fantástico fascinante ler e aprender que esta tudo interligado.

pedrogsribeiro@yahoo.com.br

Data: 20-12-2011 | De: Pedro

Obrigado pelo post! Permitiu um insight que desentupiu meus estudos há muito tempo parados!

Orixá de cabeça

Data: 18-11-2011 | De: Irmão Folha verde

já ia me esquecendo, por incrível que pareça sou filho de Oxóssi e influenciado grandemente pela legenda da Jurema!!! Parece brincadeira né, mas não!!! rsrsrsrsrs, faço jus ao nome.

Orixás

Data: 18-11-2011 | De: Irmão Folha verde

Muito bom texto mesmo! Mas um questionamento: Oxóssi e Ossain não seriam a mesma energia? Pois você disse no texto que "Existem alguns orixás que são cultuados em alguns grupos, mas não são oficialmente reconhecidos por todos, como é o caso de Ossain e Oxumaré." Meu Tata nos diz que não o cultuamos no dia a dia, mas só em ocasiões especiais, pois a energia que ele trabalha pode ser facilmente trabalhada em Oxóssi, sem precisar recorrer a Ossain.
Abraços e até!!!!

Re:Orixás

Data: 21-11-2011 | De: Genesis

Olá!

Embora na Umbanda Ossain seja cultuado como uma manifestação de oxóssi, na verdade são duas energias distintas. A energia de ossain é caracterizada pelas ervas, sejam elas de cunho energético, curativo ou para tratamentos. A energia de oxóssi vem das matas, num sentido de fartura - bem caracterizado pela esfera de chesed/júpiter.

Re:Re:Orixás

Data: 13-03-2012 | De: Aztreonam

Não faria sentido assumir que a energia de Ossayn (o professor de Oxósse, que lhe ensinou o segredo das ervas), possa ser cultuado também na esfera de Chesed/Júpiter, como o arquétipo do grande professsor?

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