Observadores dos Céus

25-02-2012 13:17

    

    “Já fomos mais inteligentes!” – Foi com esta frase que, há poucos dias, um telejornalista abriu seu programa, se referindo à recente onda de comentários que tomou conta das redes sociais, sobre assuntos de pouco relevância intelectual ou cultural. De fato, já fomos mais inteligentes e deixamos isso para trás. Levianamente nos afastamos do mundo natural que nos cerca, para nos preocuparmos unicamente com as futilidades modernas ou com as doutrinas que os pseudointelectuais de nossa era consideram realmente importantes.

 

    Se olharmos atentamente para a história da humanidade, veremos que mesmo quando nada sabíamos, éramos mais inteligentes. Fomos buscadores. Nos voltamos para um universo paralelo criativo, tentando entender e explicar nosso meio, quando ainda nem tínhamos as ferramentas necessárias para tal. O homem primitivo, em sua brutalidade intelectual, olhava para o céu e para a terra. Tentava compreender seus fenômenos e, em sua inocência científica, atribuía aos deuses tudo aquilo ao qual sua mente não conseguia racionalizar.

    Olhando o firmamento, observava as estrelas, com seus diminutos brilhos sempre na mesma posição relativa, mas não era isso que lhe chamava atenção. Sete destas estrelas eram errantes, se moviam entre as outras, se destacavam não só pelo movimento, mas também pelo seu tamanho e brilho. Da língua grega antiga obtiveram seu nome definitivo, planetas, cujo significado é, “estrelas errantes, estrelas que vagam”. Vejam que para os povos antigos o significado é diferente do moderno, o sol e a lua também eram considerados planetas.

    Esses planetas, eram como deuses nos céus, navegavam pelo firmamento e após certo tempo retornavam a seu ponto de origem. A partir deste ciclo, os classificaram, do mais lento para o mais rápido: Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Mercúrio, Vênus e Lua. Esta atribuição é hoje conhecida como Ordem Caldéica, sua origem remota aos caldeus, povo de origem semita que viviam no sul da Mesopotâmia no primeiro milênio antes de Cristo. Este povo teve como capital de seu império a cidade da Babilônia, fundada pelos Amoritas, e por isso também são conhecidos como Neobabilônicos.

    Cada um desses planetas (deuses) tinha certas atribuições:
 

Saturno: Ninib (Niruta) – o estável, astro da justiça e da ordem.
Júpiter: Marduk – o criador, deus protetor da Babilônia.
Marte: Nergal – deus dos infernos e das armas, arauto de infelicidade.
Sol: Shamash – senhor da vida.
Vênus: Ishtar – deusa do amor e senhora da justiça.
Mercúrio: Nabu – filho e companheiro de Marduk, segura o estilete das tabuinhas do destino, é o deus das ciências.
Lua: Sin (Nanna) – reina sobre a vegetação, meses, anos, e o destino dos homens.

    Para conseguirmos entender seus ciclos e tempos de duração, temos que antes colocar os pés no chão, esquecer o conhecimento científico que temos hoje e, olharmos para o céu como os antigos faziam. Para observar esses ciclos precisamos definir um “ponto de origem” no firmamento. Como as constelações eram “estáticas”, se tornaram um bom ponto de referência, mas vejam que o resultado temporal é ligeiramente diferente (aproximação) das translações dos planetas de fato.


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    Outro ponto interessante é que para o observador, em certos momentos, os planetas “andam” para trás. Primeiro você precisa se lembrar que o Heliocentrismo (Sol como centro do sistema solar) surgiu com Nicolau Copérnico (1473-1543), antes disso imperava o Geocentrismo (a Terra como o centro).

    Para entender o chamado Movimento Retrogrado, retornamos a física e aos fenômenos de velocidade e aceleração. Imagine que você está dirigindo um carro a uma velocidade de 120Km/h, em sua frente há alguns quilômetros está outro carro, digamos a 100Km/h. Do seu ponto de vista (ignorando outros elementos externos), o carro a frente estaria parado e você se aproximando dele com velocidade de 20Km/h, ao ultrapassar o carro, estaria se distanciando dele na mesma velocidade.

    Agora imagine algumas marcações na estrada, placas numéricas, por exemplo. Em vez da distância entre os carros, você está medindo a posição do carro da frente em relação a estas placas. Na situação A, do seu ponto de vista, o segundo carro está em frente da placa de número 6.

A

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    Em B, embora o segundo carro tenha avançado, do seu ponto de vista, a impressão é que ele está andando para trás. Isso continuará acontecendo (C), veja ainda que estou dando exemplo em um movimento retilíneo, extrapole isso agora para o movimento orbital, elíptico, em alguns momentos os planetas seguem “para frente”, em outros, a impressão é que estão andando para trás. Veja que este é um exemplo muito (muito mesmo) simplificado.

B

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C

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    O movimento Retrogrado só acontece devido ao fato de que, nossos mapas são feitos tendo a Terra como ponto de referência. Se você analisar o posicionamento em referência solar, não existe retrocesso. Isso explica também o motivo do ciclo astrológico de Mercúrio** e Vênus ser tão diferente do Período Orbital.

    Concluindo as observações iniciais, o processo de emburrecimento coletivo não fica visível quando assuntos banais tomam conta da atenção geral. Ele fica claro, sim, quando observamos uma humanidade cada vez mais egoísta e pouco preocupada com o bem comum. Não há mais o “um por todos”, a maioria olha apenas para o seu próprio umbigo enquanto é guiada para o pasto. A mídia que nos critica, é a mesma que nos cega e ilude.

    Na sequência deste artigo, menos crítica social e mais ocultismo, qual o legado cultural dos planetas (ou Deuses) nos dias de hoje.

 

- Oliver Logra

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*Fontehttps://noveplanetas.astronomia.web.st/data.html
**Referência: Trânsito de Mercúrio em 2012 - https://www.moontracks.com/mercury_ingress.html

 publicado originalmente por Oliver Logra, em: Cartas Ciganas - fevereiro de 2012

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