Obsessão - Parte I

10-02-2012 14:25

 

    Olá Amigos!

   No artigo de hoje, vamos começar a falar sobre um assunto nebuloso na umbanda: Obsessão. O assunto é nebuloso porque encerra muitas idéias erradas em torno de si, gerando alguns mitos que vamos tentar resolver.

 

    O assunto de obsessão é amplamente debatido e comentado no Kardecismo. Basicamente, podemos definir que a obsessão é uma influência de um espirito sobre o outro. Porém, essa definição é falha em dois pontos: primeiro, a influência de um espírito obsessor é sempre prejudicial. É importante frisar isso porque os espiritos influem em nosso cotidiano normalmente e espiritos de luz que acompanham e protegem nossas vidas não podem ser considerados espiritos obsessores.

 

    Outra questão onde nossa definição inicial falha é não especificar que espiritos são esses. Os casos mais clássicos são do espirito de um desencarnado obsediar um espirito encarnado. Mas existem casos de um encarnado obsediando o outro, um desencarnado obsediando outro e até mesmo um encarnado obsediando um desencarnado. Logo, a definição mais precisa seria dizer que a obsessão é uma influência prejuducial de um espirito sobre o outro, estando esses encarnados ou desencarnados.

 

    Para entender como esse processo se dá e como isso é tratado dentro da Umbanda, vamos estudar quem são e quais os objetivos desses espiritos. Para começar, vamos olhar quem são os espiritos desencarnados que praticam a obsessão.

 

Conhecendo o outro lado

 

    Kardec, no Livro dos Eespiritos, divide-os em três grupos: Espiritos puros, espiritos bons e espiritos imperfeitos. No caso, os espiritos que desenvolvem a obsessão são do terceiro tipo. Kardec descreve esses espiritos como os que ainda tem uma grande predominância do material sobre o espiritual. Dentro dos espiritos imperfeitos, temos 5 classes:

 

·         Espíritos Impuros;

·         Espíritos Levianos;

·         Espíritos pseudo-sábios;

·         Espíritos Neutros;

·         Espíritos Batedores/Perturbadores.

 

    Vamos dar uma pequena pincelada nesses espiritos para saber quais as suas motivações.

 

    Espiritos Impuros: São espiritos malignos, bandidos astrais. Fazem o mal e o fazem de forma clara e consciente. São espiritos que possuem vibração baixa e normalmente podem ser utilizados como lacaios de gente que faz "magia negra". Coloco entre aspas porque magia não tem cor e porque em muitos casos, os caras que se propões a fazer isso, não têm a menor idéia do que estão fazendo. Podem até entrar em contato com esses espiritos, mas quando o fazem, têm problemas seríssimos. Esses espiritos são efetivamente trevosos e são chamados de "Kiumbas" na Umbanda e "espiritos goéticos" no hermetismo. São espiritos muito afastados da luz.

 

    Em casos extremos, o espirito obsessor é tão degradado pela energia baixa que acaba involuindo e adiquire a forma de uma massa oval. Após esse processo, esse espirito é chamado Ovóide. Ovóides, além de agir no campo mental da pessoa obsediada, acabam efetivamente parasitando a pessoa, sugando sua energia vital de forma muito forte. Normalmente, quando tentam encaminhar um espirito desse para os planos superiores, ele acaba se dissolvendo, tamanho é o seu nivel de baixa vibração. Eu já tive a oportunidade de, incorporado com o caboclo com que trabalho, ver um ovóide desse grudado nas costas de uma pessoa, na altura do chakra Anahata e garanto, não é nada legal. Esse tipo de obsessão é muito rara, geralmente resquício de vidas passadas.

 

    Espiritos Levianos: Também conhecidos como zombeteiros, são espiritos focados em causar pequenos problemas apenas pelo prazer de desagradar. Geralmente são espiritos fracos e se alimentam das emoções baixas que conseguem causar nas pessoas obsediadas. Já ouvi relatos de espíritos desse tipo aparecendo em Tabuleiros de ouija, ou tradicionalmente o "jogo do copo" ou a "brincadeira do compasso" – que embora sejam na sua maioria esmagadora uma brincadeira boba, em alguns casos acabam atraindo espíritos que desejam se divertir com os sustos tomados pelos incautos participantes.

 

    Uma forma de ação desses espiritos é através do medo causado por eles. Normalmente, esses espiritos não tem real poder sobre as pessoas, mas monstros sa, bicho papão, obsessão, umbanda, ocultismo, magia, espiritualismo, obsessores, níveis espirituaisfazem se passar por entidades poderosas para causar espanto e se alimentar das energias baixas geradas pelas pessoas. Uma outra forma de ação desses espiritos é a obsessão infantil. Fazendos-e aparecer para crianças nos primeiros estágios do sono, acabam causando-lhes pesadelos e se alimentando dos sentimentos baixos das crianças assustadas. O mito do bicho-papão surge daí e foi brilhantemente retratado em "Monstros S.A.", embora a realidade seja um pouco diferente da do filme.

 

    Uma outra forma de aparecimento de zombeteiros são em reuniões espíritas. É bastante comum ouvir que em centros espíritas alguns espíritos que são recebidos durante as sessões, na verdade se passam por espíritos iluminados para enganar os incautos – enquanto outros aparecem como pseudo-sábio, que falaremos mais a frente. Um outro fenômeno muito interessante ocorre em alguns templos evangélicos: Durante os cultos, alguns participantes com a mediunidade mais aflorada acabam efetivamente incorporando algumas entidades. Quando isso ocorre, eles dizem que estão recebendo o espírito santo. Em muitos vídeos na internet é possivel ver esses fenômenos e pra quem já visitou uma casa de Umbanda, pode-se perceber claramente a incorporação de Caboclos, Marinheiros, Boiadeiros, Erês e outras entidades. O fenômeno conhecido como "falar em linguas" – cujo nome técnico é "Xenoglossía" – decorre de um mau desenvolvimento da mediunidade, fazendo com que as palavras ditas pela entidade acabem não sendo compreendidas, haja visto que aquela pessoa não teve o desenvolvimento mediúnico feito corretamente.

 

    Em alguns casos, Zombeteiros costumam obssediar essas pessoas, incorporando dentro de cultos ou até mesmo na rua ou em outros locais não preparados, apenas para se divertir com a situação criada a partir dessa incorporação. O pior de tudo é que muitos evangélicos se acham especiais por isso acontecer com eles e acabam alimentando ainda mais esse tipo de comportamento.

 

    Uma forma muito mais sutil e interessante de aparição dos espíritos zombeteiros é quando uma pessoa que já possui um certo entendimento acaba atraindo um espírito desses como uma forma de ajudar a leva-lo para luz. De certa forma, esse efeito cavalo de tróia é usado para que esses espíritos possam ser trazidos para dentro dos terreiros e serem doutrinados e encaminhados a seu lugar de direito.

 

    Espiritos Pseudo-sábios: A partir dos espiritos Pseudo-sábios, a linha entre o certo e errado acaba ficando muito nebulosa, pois esses espíritos não necessáriamente são espíritos malígnos. São espíritos que possuem um grau de conhecimento razoável, mas acabam sendo traídos pelo orgulho e a soberba, achando que são espíritos perfeitos e elevados, quando na verdade, ainda estão no meio do caminho. Geralmente, costumam mentorar pessoas de vontade fraca, facilmente sucetiveis a seus "encantos", causando uma verdadeira fascinação nos obssidiados.

 

    Uma outra questão em que os espíritos pseudo-sábios aparecem é sobre o tipo de conhecimento que foi adquirido durante a estadia terrena desses espíritos. Um sacerdote de magia negra, que trabalha com sacrificios humanos como forma de adquirir energia para seus intentos (é importante abrir um parênteses para falar que esse exemplo é propositalmente descabido, mas serve apenas para dar a dimensão do que estamos tratando) ou um fanático religioso que de certa forma adquire uma gama vasta de conhecimento, mas utiliza-a de forma dubia, acabam também recaindo na categoria de espíritos pseudo-sábios.

 

    Normalmente, na Umbanda, esses espíritos aparecem como falsos guias, principalmente para os médiuns que acabam trabalhando por conta própria. É sempre importante desconfiar de quem trabalha em casa – algo absurdamente errado, pois no terreiro existem proteções para que as energias baixas não entrem – e geralmente com apenas uma entidade. Essas entidades são possessivas, não deixando seus médiuns trabalharem com outras entidades, pedem por trabalhos e despachos para alimenta-los o tempo inteiro mas quase nunca ajudam seus médiuns nas dificuldades que eles passam, sendo verdadeiramente mimados pelos mesmos.

 

    Espíritos Neutros: A linha turva entre o bem e o mal – que sempre são conceitos relativos, é bom lembrar – acaba ficando mais e mais sutil quando falamos sobre espíritos neutros. Essa classe de espíritos acaba sofrendo um triste destino por sua falta de evolução. É bom deixar claro que esses espíritos não são efetivamente malígnos, mas também não são espíritos iluminados. Esses espíritos sem luz são chamados na Umbanda de Eguns.

 

    Os eguns são espíritos que vagam sem rumo, sem fazer o bem e não necessariamente fazendo o mal. Em alguns casos, eles até tentam se aproximar de parentes próximos para ajudar, mas sua pouca evolução acaba fazendo com que essa aproximação seja prejudicial. Uma boa dica para quem teve algum parente recém falecido é mandar rezar uma missa em intenção daquela pessoa e se certificar que nenhum membro da família estará presente. O ritual da missa faz com que aquele espírito acabe sendo invocado naquele espaço e encaminhado para o astral superior.

 

os outros, obsessão, umbanda, ocultismo, magia, espiritualismo, obsessores, níveis espirituais    Outros casos clássicos de eguns são os de pessoas que, de tão atreladas ao mundo material, acabam não conseguindo fazer a passagem. Isso pode se dar por vícios (alcool, drogas, cigarro, sexo) ou por apego a bens materiais. Daí surgem os casos de "casas mal assombradas", que na verdade nada mais são do que casas onde os espíritos dos antigos moradores acabam não aceitando sua partida e acabam ficando "colados" nas estruturas da casa - um processo que foi perfeita e brilhantemente mostrado no filme "Os outros".

 

    Na questão dos vícios, pessoas que não conseguem escapar dos vícios quando vivos e que acabam sendo subjulgadas mentalmente pelos mesmos, acabam tentando seguir os vivos para alimentar seus vícios. Um espírito de um fumante que morreu passa a seguir outro fumante para poder fumar junto dele. Obviamente, por não ter um pulmão ele não vai inalar a fumaça, mas vai absorver a sensação de fumar. A mesma coisa acontece com alcoolatras – daí o surgimento do famoso "gole pro santo", onde a pessoa despeja uma pequena quantidade justamente para afastar esse espírito errante. Normalmente esses espíritos procuram estar em locais onde seus vícios podem ser cultivados: bares, motéis, prostibulos, zonas de venda e consumo de drogas.

 

    Outros espíritos que acabam tendo problemas são os de ateus fanáticos que não aceitam que estão desencarnados e acabam ficando extremamente irados em meio a confusão que os cerca. Isso quando os espíritos conseguem se desligar do perispírito. Há casos relatados de espíritos que ficam atrelados a seus corpos por anos, sofrendo por não conseguir se desvencilhar do corpo físico. 

 

    É importante salientar mais uma vez que os espíritos neutros não são inerentemente ruins. Eles apenas não agem de acordo com os preceitos de moral aceitos normalmente. Não fazer o mal não significa fazer o bem. Você não vai ser parabenizado por deixar de assassinar uma pessoa, nem ganhar uma medalha por tomar banho todo o dia.

 

    Espíritos Batedores/Pertubadores: De todas as classes, são os menos evoluidos psiquicamente. Normalmente acaba se manifestando de forma grosseira, através de fenômenoa físicos, como portas batendo e deslocamentos de objetos sem explicação. São fenômenos dos mais rudimentares que, embora sejam possíveis por espíritos mais elevados, não são feitos pelos mesmos, principalmente pelo fato de que esses espíritos mais evoluídos acabam tratando de questões mais voltadas ao campo mental e não ao campo físico.

 

Desobsessão

 

    Os processos de desobsessão se dão de forma diferente no Kardecismo e na Umbanda, principalmente pelas formas diferentes de atuação dos cultos. No Kardecismo, por ser um culto mais ligado ao campo mental, a desobsessão é feita através da doutrinação, do convencimento do espírito de que ele deve evoluir e seguir seu caminho de volta aos planos superiores de existência, de forma a continuar sua evolução através da roda de Samsara. Isso é bastante efetivo com espíritos neutros e até mesmo com zombeteiros, mas é bem mais complicado quando se tratam de espíritos pseudo-sábios – por não aceitarem esse caminho, já que se julgam bastante evoluídos – e de espíritos impuros – pois estes estão imbuidos de maldade genuína, algumas das vezes enviadas por entidades trevosas mais poderosas e esse convencimento é MUITO mais complicado.

 

    Na Umbanda, as coisas acontecem de forma parecida – até porque os métodos de doutrinação são praticamente os mesmos. Mas em certa altura, acabam ficando diferentes, sobretudo quando os métodos de convencimento mais tradicionais não dão certo e métodos mais fortes tem de ser utilizados. Essa aproximação mais enérgica é importante até porque muitos espíritos não são evoluídos o suficiente para serem conduzidos e devem ser levados praticamente a força para o plano astral superior. Esse "força-bruta" é necessária também com espíritos mais trevosos, pois esses se recusam preemptoriamente a seguir no caminho da evolução, fazendo com que os exús e bombo-giras acabem sendo mais enérgicos com esses espíritos do que com outros.

 

    Alguns médiuns conseguem desestabilizar a ligação obsessor/obsediado com energização feitas pelas próprias mãos – quase como num passe magnético – mas esse tipo de técnica é muito mais avançada, pois é necessário um grau bem alto de desenvolvimento mediúnico para que seja possível ver as ligações – que normalmente acontecem na parte de trás da nuca, saida do chakra Vishuda.

 

Orai e vigiai

 

    Alguns relatos de obsessão são chocantes e o primeiro pensamento que passa pela cabeça de alguém é "como me proteger desse tipo de coisa?". A primeira coisa que se deve ter em mente é que a obsessão é fruto direto da Lei da afinidade. Isso significa que uma pessoa só será obsediada por um espírito do mesmo padrão vibracional dela. Logo, a forma mais perfeita e prática de se manter afastado desse tipo de problema é manter suas vibrações altas. Basicamente, uma vibração alta faz com que você fique "invisível" para espíritos de energia mais baixa, sendo praticamente impossível ele atingir uma pessoa nesse nível. Quando um Kiumba vai na intenção de obsediar alguém por algum trabalho de magia negra, normalmente mandam espíritos com padrão energético mais alto do que os dele – como espíritos batedores – para desestabilizar a vítima, fazendo com que ela tenha uma queda energética e fique "pronta" para ser atacada.

 

    Meditação sobre a chama violeta ajuda – pelo menos para mim – para melhorar em casos de baixa vibracional. Banimento por gargalhada também ajuda e muito para recolocar as energias mais pro alto.

 

 

Terminamos aqui a primeira parte do nosso pequeno comentário sobre obsessão.

Na próxima semana, vamos falar sobre obsessão entre encarnados. 

Até lá!

- Gênesis.

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