Vestimenta de Caboclo

12-12-2011 16:19

Caboclo, Pena branca, umbanda, espiritualismo, médium, ocultismo, magia

                 

 

                    "Vestimenta de caboclo

                    É samambaia

                    É samambaia, é samambaia

                    Saia caboclo

                    Não me atrapalha

                    Saia do meio

                    Da samambaia”

 

 

 

    Uma coisa que sempre me incomodou, é a acomodação intelectual de muitos médiuns. Em boa parte dos casos, o que acontece hoje é um desinteresse total da parte deles sobre os verdadeiros fundamentos e manifestações daquilo que praticam. Em verdade, a maioria costuma deixar tudo “nas costas das entidades” e esquecem que a verdadeira magia flui de dentro (ou para dentro) de si mesmo.

 

    Vou usar como exemplo a questão arquetipa das entidades em um terreiro de Umbanda. Uma coisa que sempre questionei, desde o princípio, era o motivo deles se manifestavam daquela maneira e com aquele linguajar. Das respostas mais “interessantes” que obtive são, por exemplo: “eles falam assim porque é o sotaque da região que eles vivem lá do outro lado” ou, falando sobre os Erês, “eles agem assim porque são crianças, inocentes”.

 

    Minha grande questão (analisando esse último exemplo) é, por que alguém praticante de uma religião espiritualista, que crê em reencarnação, acredita que esta entidade que já passou por dezenas de vidas neste plano, é uma criança? Que é inocente e não sabe o que está fazendo? Que determinado espírito fala enrolado, pois não sabe direito a nossa língua?

 

    Existe uma linha que separa o médium da assistência, isso fica bem claro quando se fala de casas onde prevalece o trabalho de caridade. Em muito terreiros, os assistidos são pessoas de baixa renda e com pouca instrução educacional, isso sem falar nas próprias histórias de vida que em muitos casos são tensas e dramáticas. Para essas pessoas, é de extrema importância que um preto-velho, por exemplo, se porte como tal, pois faz com que elas se sintam acolhidas e tenham confiança no trabalho que está sendo realizado. Na maioria dos casos, elas ignoram que aquele mesmo preto-velho, pode ter sido um asiático ou europeu em sua última passagem.

 

    Algumas referências espiritas falam na remodelação do duplo-etérico (corpo imediatamente acima do físico). Esta seria a capacidade de espíritos, com um pouco mais de experiência, moldarem sua aparência. Um dos objetivos seria, no momento dos trabalhos, se houver algum médium vidente na assistência sem a capacidade de compreensão, que este o visse como o estereótipo da linha de atuação.

 

    Esse fenômeno é muito importante, do ponto de vista da assistência, mas não dos médiuns. Estes deveriam ter pesquisado o suficiente para saber como as manifestações ocorrem. Deveriam entender que estes arquétipos representam linhas energéticas de atuação e não estereótipos puros e simples. O mesmo ocorre com o linguajar ou maneirismos.

 

    Quando falamos dos Erês, estamos lidando com uma das entidades de maior força magística dentro de um terreiro. Existe uma frase que expressa muito bem isso: “magia de Erê, só outro Erê para arrancar!” Estas entidades trabalham com as formas mais brutas e caóticas de energia da natureza, e quando digo natureza estou me referindo a todo e qualquer fenômeno visível ou não. Tudo é natural, o sobrenatural não existe. Nenhuma entidade que não tivesse uma vivência de séculos ou milênios conseguiria manipular este tipo de energia.

 

    Há algum tempo ouvia uma palestra do Wagner Borges (embora não concorde plenamente com tudo que ele fala, neste caso ele citou um bom exemplo) e dela tiro este relato, não exatamente com as mesmas palavras: Um determinado sujeito desencarnou, em terra era um renomado médico, chefe de um grande hospital. Ao chegar do outro lado e se integrar a uma linha de trabalho foi encarregado de certas obrigações e então indagou: “Como assim, eu era gerente lá em terra como sou encarregado disto aqui?” O mentor que o acompanhava respondeu: “Lá você podia ser grande coisa, mas aqui, é só mais um, antes de querer mandar, vai aprender a dar passe.”

 

    Como mencionei no começo, deixar tudo “nas costas” das entidades, não é evolução nenhuma para ninguém. Médium bom, além de incorporar, psicografar e dar passes (prestar a caridade de modo geral), estuda, pesquisa e busca conhecimento. Muitos destes fora de sua área de atuação, um pouco de budismo, kabbalah, magia tradicional, astrologia, etc. não faz mal a ninguém. Todo conhecimento é válido, desde que seja aplicado e direcionado.

 

- Oliver Logra

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